quarta-feira, 21 de março de 2012

(2012/319) Sobre as cegueiras do erro e da ilusão - Edgar Morin: Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro


 1. Por que eu acho que (ao menos as religiões de doutrina) não educam - catequizam, e, nesse sentido, são consideravelmente prejudiciais, à civilização do futuro. A educação necessária é aquela que ensina a dúvida, a crítica, a consciência de que sempre se pode estar errado. Nos rebanhos da fé, todavia, admitir-se que se pode estar errado é apostatar da fé. Dessa forma, pois, não se pode verdadeiramente educar em religião - só formatar, adestrar, catequizar. O que é de todo sumamente lamentável. Seria preciso reinventar a religião - ao menos as monoteístas e seu modelo "pedagógico", mas, de resto, todas que pretendam uma inculcação que não dê lugar à consciência de self deception..

2. Sob o patrocínio da UNESCO, Edgar Morin - meu intelectual preferido - escreveu uma pequena joia: Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. O primeiro saber que ele indica, dentre os sete, é: reconhecer a possibilidade de erro, de engano, de mentir para si. Temos muito a aprender com isso - quanto mais a religião, quanto mais os religiosos.





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

2 comentários:

Anônimo disse...

Osvaldo,
veja se viajo ou se seria mais ou menos assim:
No início do texto do Morin que você disponibilizou está escrito que "o conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo". Ok. Mais adiante, "o conhecimento, sob forma de palavra, de idéia, de teoria, é o fruto de uma tradução/reconstrução por meio da linguagem e do pensamento, e por conseguinte, está sujeito ao erro.
Pois bem, vamos ao texto bíblico e a sua leitura a partir, de um lado, do método histórico-social ou histórico-crítico, e, de outro, do método histórico-gramatical a que alude, por exemplo, Augustus Nicodemus Lopes.
O que se apresenta acerca do texto bíblico, por um ou por outro método, sendo considerado conhecimento, e a partir das palavras do Morin, estão sujeitos ao erro.
No primeiro caso, o do método histórico-social, os que lêem a Bíblia sabem dessa possibilidade do erro - aí está você que não nos deixa mentir, mas acredito que sempre haja aqueles que acabam se convertendo ao que escrevem, mesmo entre leitores histórico-críticos.
No segundo caso, o do método histórico-gramatical, sobretudo nas teologias sistemáticas e nos púlpitos, seus adeptos não sabem ou não querem saber ou fazem questão de esquecer que sabem.
E se - é um grande "se" e acredito de uma utopia ingênua -, e se esse que lê a Bíblia a partir do método histórico-gramatical admitir, publicamente, que o conhecimento que transmite está sujeito ao erro, e, em vez de impor sua leitura em inequívoca pragmática política, a oferecer como possibilidade, deixando aos ouvintes essa vereda como alternativa para sua individual vivência religiosa em necessária pragmática estética?
Isso seria mais palatável depois do XIX e do Morin ou daria na mesma?

Peroratio disse...

Luciano, o método histórico-gramatical está tão cheio de problemas, de ordem social, histíorica e semântica que, se, de fato, honestamente, um adepto do método admitir que pode estar errado, a primeira coisa que ele faria seria rever toda a metodologia, porque ele conhece toda a crítica que recebe. Dizer que está errado, da boca para fora, e não mexer um milímetro a própria posição, de modo continuamente crítico, pode ser, apenas retórica, o que, em termos morais, pode constituir flagrante cinismo. Mas, ao menos, o efeito para a comunidade seria libertador.

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