_ Pai...
_ Meu filho, que é?
_ Ias me matar mesmo?
_ Por que não esqueces isso, meu filho?
_ Fecho os olhos e vejo o cutelo... Há um brilho pesado na lâmina... E sinto frio... Muito frio...
_ Procuras esquecer...
_ Mas ias?
_ Se fosse preciso...
_ Não foi...
_ Não, não foi.
_ Mas se fosse...
_ Sim.
_ Por quê?
_ Fé e obediência, meu filho...
_ Não me amas?
_ Claro quer amo...
_ Mas como podes me amar menos, a mim, que vês, do que a Deus, que não vês?
_ É o certo, meu filho - amar a Deus...
_ Mas te fazes mentiroso...
_ Por quê?
_ Porque quem diz amar a Deus, mas aborrece a seu irmão, é mentiroso. Quanto mais quem mata o próprio filho.
_ Era preciso...
_ Bem se vê, meu pai, que eras o homem certo para a obra. Eras, mesmo, o pai da fé...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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